Tatuagens e diabetes: posso fazer uma tatuagem?

Historicamente associadas aos marinheiros, gangsters e inconformados, as tatuagens passaram a estar na moda e já não é invulgar querer fazer uma tatuagem [1]. Se tem diabetes, o desejo de fazer uma tatuagem pode suscitar várias dúvidas. A diabetes e as tatuagens são compatíveis? Deve ter em atenção algumas precauções especiais?
Realizar uma tatuagem com diabetes: é possível e totalmente seguro
Está a pensar seriamente em fazer uma tatuagem, mas ainda não se atreveu a avançar? Não se preocupe. À medida que o seu desejo de fazer uma tatuagem aumenta, poderá começar a pensar sobre várias situações. Será doloroso? Será que o resultado estará de acordo com as minhas expectativas? Será que me vou arrepender?
Se tem diabetes, também poderá estar a pensar se pode mesmo fazer uma tatuagem. A resposta é sim! Não tem qualquer motivo para se preocupar. A diabetes não impede que faça uma tatuagem [1,2]. Quer tenha diabetes tipo 1 ou tipo 2, pode fazer uma tatuagem sem qualquer problema [1,2]!
Algumas precauções
Escolha do artista tatuador
É perfeitamente seguro fazer uma tatuagem, desde que realizada num estabelecimento aprovado que respeite as regras essenciais de higiene [3,4]. Quando escolher o tatuador, será aconselhável verificar se o estúdio de tatuagem é higienizado e se utiliza equipamento esterilizado [2].
Comente com o tatuador que tem diabetes
Considere informar o seu médico ou outros profissionais de saúde de que pretende fazer uma tatuagem [1,2,3,4,5]. Assim, poderão verificar os seus níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) e confirmar que os seus níveis de glicemia são suficientemente estáveis [1,5] para garantir uma cicatrização adequada [5]. Além disso, não se esqueça de informar o seu tatuador sobre a sua diabetes [1,2,5].

O desenho fica ao seu critério
Cada tatuagem tem a sua própria “história”. Para alguns, é puramente decorativa, enquanto para outros, permite-lhes expressar o seu individualismo ou o seu sentimento de pertença a uma comunidade [1,2].
Nos últimos anos, popularizou-se um outro tipo de tatuagem: a tatuagem de “alerta médico” [1,2,5,6]. Especificamente no contexto da diabetes, geralmente, implica tatuar “diabético tipo 1” ou “diabético tipo 2” para informar os profissionais de saúde do seu perfil médico em caso de emergência [1,2,3,4,5,6].
Áreas da pele a evitar
No que toca ao local onde tatuar, a decisão é sua. Contudo, se tem diabetes, poderá ser-lhe aconselhado evitar fazer a tatuagem em determinadas partes da pele, tal como nos pés e parte inferior das pernas (canelas ou tornozelos) porque são zonas com menor fluxo sanguíneo, que podem demorar mais tempo a cicatrizar [1,5,6]. Também não é recomendável fazer uma tatuagem na zona onde injeta insulina , como abdómen, ancas, nádegas ou braços, [3] porque é preferível que a área não tenha danos prévios na pele [1,2].
Cuidados e cicatrização
Assim que terminar a tatuagem, o seu tatuador irá aconselhar sobre os cuidados a adotar, o que fazer e não fazer, bem como os produtos que deve usar [1]. As recomendações gerais são as seguintes:
- lavar com sabão antissético ou de pH neutro;
- aplicar hidratante 3 ou 4 vezes por dia até a área ficar totalmente cicatrizada [1].
Geralmente, uma tatuagem demora cerca de uma semana a cicatrizar completamente [1].
Se fizer a sua tatuagem quando o nível de diabetes estiver estável, optar por uma área da pele sem lesões e seguir meticulosamente todas as recomendações para os cuidados posteriores, a sua tatuagem de sonho pode transformar-se numa realidade e corresponder às suas expectativas [1,3,5]!
Fontes
- J. Serup J., Kluger N., Bäumler W. Tattooed Skin and Health. Current Problems in Dermatology. Vol 48. Karger Publishers. 2015.
- Kluger N, De Cuyper C. A Practical Guide About Tattooing in Patients with Chronic Skin Disorders and Other Medical Conditions. Am J Clin Dermatol. 2018; 19(2):167-180. doi: 10.1007/s40257-017-0326-5.
- Chadwick S, Shah M. Tattoos: ancient body art may assist in medical emergencies. Eur J Pediatr. 2013; 172(7):995. doi: 10.1007/s00431-013-1971-1.
- Kluger N, Aldasouqi S. The motivations and benefits of medical alert tattoos in patients with diabetes. Endocr Pract. 2013; 19(2):373-6. doi: 10.4158/EP12215.CO.
- Glassy CM, Glassy MS, Aldasouqi S. Tattooing: medical uses and problems. Cleve Clin J Med. 2012; 79(11):761-70. doi: 10.3949/ccjm.79a.12016.
- Barwa J, Rani A, Singh R. Art of Tattooing: Medical Applications, Complications, Ethical and Legal Aspects. International Journal of Medical Toxicology and Forensic Medicine. 2016; 6(3): 156-63.