O que é a diabetes tipo 1?

A diabetes tipo 1 é uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, independentemente da idade ou do sexo [1,2,3].
Caracteriza-se pela deficiência de insulina e é causada pela produção de autoanticorpos pelo sistema imunitário , direcionados para o pâncreas que depois destroem, total ou parcialmente, as respetivas células beta [1,2,3,4,5,6,7].
As células beta pancreáticas são responsáveis pela secreção de insulina , uma hormona essencial para a regulação dos níveis de glucose no sangue (glicemia) [3,7]. A sua destruição leva a uma diminuição na produção de insulina o que, por sua vez, resulta numa acumulação de açúcar no sangue e, consequentemente, num maior risco de hiperglicemia e outras complicações ( doença cardíaca , cegueira, insuficiência renal, etc. ) [2,3,7].
Deste modo, as pessoas com diabetes tipo 1 são também classificadas como sendo insulinodependentes: as injeções de insulina são essenciais para permitir às pessoas com diabetes tipo 1 manter os níveis de glicose estáveis, tendo em conta que o organismo já não consegue produzir insulina em quantidade suficiente. [3,4,7].
Sintomas
A diabetes tipo 1 tem dois sintomas predominantes:
- uma necessidade frequente de urinar
- uma sensação de sede excessiva.
Nas crianças, a doença resulta frequentemente numa perda de peso significativa, ao passo que nos adultos é frequente a perda de peso sem alteração do apetite [7,8].
É possível prevenir o início da diabetes tipo 1?
Apesar dos diversos estudos, ainda não existem orientações claras para a prevenção do início da diabetes em pessoas de risco, já que, na fase inicial de desenvolvimento, a doença não apresenta quaisquer sintomas. A duração deste período assintomático pode variar consideravelmente, podendo ser de vários meses ou anos, consoante os indivíduos [5,7,8].

Causas
Para compreender totalmente o desenvolvimento da diabetes tipo 1, é necessário ter em conta um conjunto de diversos fatores [2,3,8]. Embora alguns indivíduos tenham uma predisposição genética para a diabetes, as causas são muito abrangentes e continuam a existir fatores não genéticos que são pouco claros [1,2,3].
A componente hereditária da diabetes tipo 1 ainda não se encontra claramente definida. Apenas 13% dos pacientes têm, pelo menos, um familiar com diabetes tipo 1. Apesar de o risco de transmissão aumentar se ambos os pais tiverem diabetes, esta estatística sugere que as influências ambientais também influenciam o desencadear da doença [7].
A investigação levada a cabo nos últimos anos tentou identificar quais os estilos de vida, hábitos de alimentação e outros fatores ambientais , perinatais ou pré-natais, que podem desencadear a diabetes tipo 1 [1,2,3].
Foram realizados vários estudos que procuraram investigar os efeitos de uma vasta gama de fatores, incluindo:
- a idade da mãe no momento da gravidez
- possíveis consequências da cesariana
- dietas pobres em fibra e ricas em glúten
- défice de omega-3 e vitamina D
- exposição a infeções virais
- poluição
- amamentação e consumo de leite de vaca [3].
No entanto, os resultados obtidos não parecem ser suficientemente conclusivos para afirmar com alguma certeza que estas são provavelmente as causas da diabetes tipo 1, e são necessários mais estudos para determinar a sua influência, se existente [1,2,7].

Diagnóstico
Apresenta sinais de diabetes tipo 1 ou algum dos seus filhos apresenta sinais de diabetes tipo 1? Em caso afirmativo, a medição dos níveis de glicemia através das análises de sangue convencionais pode proporcionar um diagnóstico inicial fiável [8].
Em jejum, um nível de açúcar no sangue superior a 126 mg/dl é um indicador da presença de diabetes [8].
Um outro parâmetro que pode ser medido consiste na concentração de hemoglobina glicada (HbA1c). Se este nível for superior a 6,5%, a pessoa testada tem um maior risco de diabetes [8]. Será o seu médico quem analisará os vários indicadores e sintomas para estabelecer o diagnóstico.
Tratamentos
O tratamento da diabetes tipo 1 através de insulina injetada tem sido cada vez mais comum ao longo dos últimos 30 anos e tem melhorado consideravelmente a esperança de vida de pessoas com diabetes [1,4].
Os recentes avanços tecnológicos melhoraram consideravelmente a qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1, permitindo-lhes, em particular, limitar os riscos de hipoglicemia grave [1]. Um dos dispositivos lançados mais recentemente é o sistema de monitorização contínua da glicose (MCG) que permite a monitorização contínua da glicemia [6,8] e as bombas de insulina que permitem a administração regular de insulina por via subcutânea [1,6].
Fontes
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- Jeffrey A Bluestone, Kevan Herold, George Eisenbarth. Genetics, pathogenesis and clinical interventions in type 1 diabetes . Nature 2010;464(7293):1293-300. doi: 10.1038/nature08933.
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